Tantas vezes se fala na nossa primeira memória. Por vezes chegamos a trocá-las como quem troca cromos.
A verdade é que a nossa primeira memória não nos define, não é algo que nos marca a personalidade, apesar de não deixar de ser importante. No fundo, é a nossa primeira percepção de nós próprios enquanto ser.
A minha primeira memória é num lugar sombrio. Devia ter cerca de dois anos, estava num corredor escuro e viam-se janelas ao fundo. Do lado direito há uma porta, por onde entro, que vai dar a uma loja. Aí, uma senhora dá-me um tubo transparente, fino, com bombons pequenos de muitas cores e um boneco no topo.
É apenas isto. Claro que quando falei nisto à minha mãe, ela preencheu algumas lacunas, como o facto de a senhora da loja não gostar de crianças, excepto eu. Gostava de mim porque não me portava como uma criança, não andava a mexer em tudo o que havia na loja (aparentemente era uma loja com muitas coisinhas pequenas e quebráveis).
Mas o que é que essa memória me traz? O que é que a pessoa que sou hoje, deve a essa menina pequenina da memória? Nada, ou praticamente nada.
No fundo, não é a nossa primeira memória que nos define e a ter de escolher uma para nos definir, escolheria a última.
3 comentários:
Ufa....quando falaste em primeira memória ser um sitio sombrio, pensei que fosse o estares dentro da barriga da tua mãe :P
A tua conclusão faz sentido. Gostei!
Jedi, se alguém me disser que essa é a sua primeira memória eu vou-me rir na cara da pessoa.
Sim, mano, porque se estamos em construção perpétua, só no último momento é que podemos escolher uma que nos define.
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