terça-feira, março 30, 2010

Perdas

Há dias, ou noites, como é o caso, em que não podemos deixar de pensar nas várias pessoas que já perdemos ao longo do tempo:

Algumas podemos recuperar e tenho orgulho em mim por ter recuperado algumas.

Outras partiram para sempre...ficam as memórias. Ficam as tentativas de lembrar não só as coisas boas, mas também as menos boas, que tornavam essas pessoas humanas e não santos em pedestais.

Outras não podemos recuperar, simplesmente porque desapareceram da nossa vida sem termos tido uma opinião sobre esse desaparecimento.

Algumas dessas pessoas...esperamos, ou desejamos que regressem, ou simplesmente esquecemos para não doer. E essas, podemos apagar os traços maus e lembrar apenas as boas memórias, os risos, as partilhas, a companhia, a amizade, o amor.

Porque raio queremos as pessoas perfeitas? Por que não podemos gostar delas simplesmente como são? Um ser humano tem defeitos e virtudes. Se só tivesse virtudes...não era humano.

Falhar? Falhamos todos. Há falhas que se podem e devem perdoar, outras que são graves demais, que magoam, que se alojam no coração como uma carraça que se agarrou e não quer largar. E como as carraças, alojam-se cada vez mais, alimentam-se e crescem cada vez mais.

Vale a pena perdermos pessoas só porque se criou um espaço aberto de ambos os lados? A vida já me mostrou que a culpa tem sempre duas faces, a das duas pessoas envolvidas, ou mais. Vale a pena? Com todas as perdas que a vida se encarrega de colocar no nosso caminho, muitas delas irreversíveis, vale a pena perder pessoas de quem gostamos apenas por mesquinhices?

Estou cansada de perder pessoas. Estou cansada de perguntas que vão ficar sempre sem resposta, de sorrisos que não vou voltar a ver, de aprendizagens que nunca irei fazer, de vozes que nunca mais me vão encher os ouvidos e vibrar no meu ser e de toques que nunca mais me vão aquecer o coração.

Não quero mais perdas. Não se as puder evitar.

3 comentários:

C. disse...

Sublinho tudo o que disseste. Incrível...

Anónimo disse...

O primeiro passo para não perderes pessoas é conseguires superar o teu orgulho.

Muitas das vezes perdemos, e sabemos que não podemos recuperar. O que é recuperável, lutamos para rever. Assumir-mos o erro é uma prova da nossa existência e plenitude de vivência.

Afal disse...

Anónimo.