domingo, abril 02, 2006

Fotografia


Olhando para a fotografia contemplam-se tempos passados.Três crianças e um adulto, alguém que as fazia completamente felizes, alguém que preenchia os seus momentos e lhes dava significado.Olhando para a fotografia sentem-se no ar fragrâncias de bolos que cozem demoradamente na contagem do tempo de uma criança que espera impacientemente. Olhando para a fotografia relembram-se risos e sempre, mas sempre, momentos de felicidade, e nunca de tristeza.O tempo continua a passar e ela continua a contemplar a fotografia. Na sua memória formam-se imagens de quando aquela pessoa especial lhe ensinava a fazer tranças (apesar da sua mãe ser cabeleireira), enquanto fazia o ínicio de croché, algo que nunca conseguiu aprender. As lágrimas assomam aos seus olhos, inundando-os, fazendo saltar a tampa que guardava a saudade e as recordações.Quando pequena era presenteada com pequenos bombons vindos de Lisboa, algo que a satisfazia plenamente, não tanto pela prenda e mais pela recordação. Já um pouco maior, pequenos alfinetes de peito e pendentes com a forma de uma girafa, cujo olho era um brilhante. Quando adolescente...já não há recordações.A fotografia não passa disso, um momento congelado, algo imutável e que nunca vai ser esquecido, lembrando sempre aquela pessoa especial, mas o tempo passa. As crianças cresceram, têm agora entre 20 e 16 anos, e aquele adulto, aquela pessoa especial, existe agora e apenas no coração de cada um, e vai permanecer lá para sempre. E sempre que ela olhar para a fotografia vai-se lembrar do cheiro dos bolos, dom que ela herdou apesar de não serem parentes directas. E sempre que olhar a fotografia ela vai-se lembrar dos momentos em que sentavam no sofá da sala fazendo tranças e fiadas em croché.É olhando a fotografia e tendo o rosto sulcado pelas lágrimas que ela agora escreve este texto, perpetuando sempre e para sempre a sua memória, por vezes submersa em outros pensamentos, mas sempre presente, pois as pessoas especiais marcam o nosso coração e essas marcas são profundas, não se apagam jamais. Mais de oitos anos passados e a pessoa especial é relembrada com o carinho que se sente por uma avó. Mais de oito anos passados e posso dizer que te reencontro sempre na nossa fotografia.

* * *

Já escrevi isto há algum tempo...mas apeteceu-me relembrar uma das pessoas mais especiais que passou pela minha vida e que deixou marcas profundas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá linda!
Nunca aqui tinha estado, acho, mas amei o teu blog. Cada post tem a pureza e qualidade da escrita a que eu já estava habituada no flog.
E falando em flog, não o abandonaste, pois não? Espero que não.
Espero também que esteja tudo bem contigo!

Beijo enorme. Miss U
* * *

Rolls disse...

Pára e repara.... Tudo deixa marcas profundas...