Há um pequeno fenómeno que se dá quando vamos para um país estrangeiro que me apanhou um bocado de surpresa.
Quando chegamos a um país com uma língua diferente da nossa, independentemente de a sabermos ou não, soa-nos mal ao ouvido, parece deslocado da realidade ouvir tanta gente a falar aquela língua e não a nossa. Ora bem, não conta se forem finalistas e forem para Lloret, porque já se sabe que se ouve português a cada passo que damos, portanto, excluam esse destino.
Fazia-me bastante confusão quando cheguei aqui. Era estranho ouvir toda a gente a falar francês. Geralmente o único francês que ouço é quando falo com uma amiga que gosta de falar comigo metade em francês, metade em português, e eventualmente em filmes.
Andava na rua, perto da escola secundária (equivalente ao nosso 3º ciclo e secundária juntos), só francês. Chegava á École Infantine, francês para um lado e francês para o outro. Supermercado, francês, francês, francês! Não admira que me pusesse aos risinhos quando ouvi português... Não interpretem mal, eu adoro francês, mas simplesmente parecia totalmente descontextualizado. Eu sei...era eu que estava fora do contexto.
No fundo, era como se passassemos toda uma vida a ouvir um certo barulho de fundo e, de repente, nos metessem numa sala com o mais absoluto silêncio. Acontece que numa sala dessas, tudo o que se ouve parece ter mais intensidade, mais força, parece...áspero.
No entanto, quando estava cá já há quase um mês dei-me conta que, subitamente, o ar estava menos...agudo, mais natural. Foi só nessa altura que me dei conta que a língua já se estava a entranhar em mim. O volume subitamente ficou mais baixo, as conversas que ouvia mais naturais, tudo se encaixava no seu devido lugar.
Compreendi, de novo, o conceito de "primeiro estranha-se, depois entranha-se".
Quantas vezes nos acontece sermos confrontados com coisas estranhas que depois acabamos por até gostar, ou pelo menos tolerar? Quem é que nunca se viu numa situação dessas?O que vale é que o ser humano é adaptável! ;)
6 comentários:
Apesar de muita gente achar que não...ser adaptável é das melhores virtudes que alguém pode ter. Significa ser altruista o suficiente para abandonar a sua ideia/maneira de ser e dar o benefício da dúvida à ideia/maneira de ser de outrem. Apesar de o ser humano ser adaptável, como dizes, nem todos o conseguem ser. Ou então, com o passar do tempo, tornam-se tão egoístas que perdem essa qualidade. Não sou ninguém para saber isso ao certo.
Sabes que uma das coisas que me entristece mais por ter começado a trabalhar é o facto de não poder ter feito Erasmus. Gostava mesmo muito. Agora acabei o curso e nunca foi possível. Mas lembro-me que fiz muitos intercâmbios na escola e só me batia este sentimento quando estava na véspera de regressar a Portugal. Ficava aquele sentimento horrivel todo para o fim.
Espero que para ti seja mais fácil, embora saiba perfeitamente que não vai ser. O teu coração vai ficar sempre, em parte, por aí.
Saudades linda... :)
É...eu tenho um grande problema, princpalmente em relação a crianças, custa-me sempre deixar para trás. O mais fácil mesmo é família e amigos, porque são aqueles para quem vou voltar sempre, independentemente do que aconteça, mas estas situações onde o mais provável é que não volte a ver as pessoas, custa imenso.
Já pensaste ver no programa Leonardo da Vinci? Pode ser que ainda tenhas oportunidade de trabalhar no estrangeiro por aí. Não perdes nada em ver ;)
Ser adaptável é uma das características que tenho mais orgulho em ter, seja ao meio, seja a pessoas, seja a idades, o que for. Ainda hoje me andei a esconder na sala onde estava, porque um miúdo me estava a apontar uma besta XD
Saudades, sempre***
Trabalhar no estrangeiro...tenho ponderado :)
Tenta pelo Leonardo da Vinci, é como o Erasmus, mas não precisas de ainda estar a estudar.
Vou checkar isso!
Sim, estou viva :D eheheheh... Estou de volta!
Claro que li, linda :) mas não tive tempo para responder, como deves compreender. Terás resposta em breve ;)
Enviar um comentário