domingo, outubro 11, 2009

Religião

Desde pequena que fui educada na religião católica.

A minha mãe ensinou-me o Pai Nosso e a Avé Maria quando eu tinha 3 ou 4 anos. Sempre gostei de ir à catequese; o que para muitos era um frete, para mim era um prazer.

Quando tinha uns 11 anos, comecei a ir a encontros promovidos pelas missionárias combonianas, no Porto. Era tão bom! A camaradagem, as amigas que nos esperavam a cada novo encontro, as representações, as brincadeiras, a fé...mas já na altura a parte dos rituais religiosos não era a minha preferida...

Quando tinha 15 anos e estava no último ano de catequese, pensei em ser catequista com a minha melhor amiga. Entretanto, mudei para Leiria e, como ainda fica a 24km da minha terra, tive de desistir da ideia.

Os anos têm vindo a passar...cresci. Desenvolvi-me e abri os olhos para o mundo... As injustiças...simplesmente não consigo acreditar num Deus que deixa crianças morrer...e este é um mal, não diria menor, porque não é, mas...um entre tantos.

A fé...num deus onmipotente e omnipresente, esmoreceu. Tenho fé nas pessoas. Todos temos em nós a possibilidade de dar o melhor e o pior de nós. Fazemos escolhas. Nós fazemos escolhas, não um deus...

Apesar disso, acredito no destino, por muito contraditório que pareça. Acredito que as coisas que têm de acontecer, acontecem. Claro que podemos dar uma mãozinha e ajudar o destino! Porque não? Mas a maior parte das vezes, aparecem-nos oportunidades e não as agarramos.

Além do destino, se tenho mesmo de acreditar em entidades divinas, penso que a religião que se adequa mais a mim, ou eu a ela, é a pagã. Acreditar na Mãe Natureza como uma divindade é extremamente fácil para mim. É palpável, tem "vontade própria", ama-nos...apesar de não a amarmos de volta...

Posto isto...queria explicar o porquê de me lembrar de religião...na última semana, o meu avô e uma das minhas tias têm-me dito que eu devia dar catequese. Dizem que eu é que tinha jeito para isso. Eu percebo porque é que falam nisso...eu nunca demonstrei abertamente as minhas crenças religiosas, no fundo. Respeito as crenças das outras pessoas. Tenho um enorme respeito pelos meus avós, acima de tudo...sei o desgosto que tinham se dissesse que não acredito em deus, o deus deles. Só que...apesar de as premissas da bíblia me agradarem, porque agradam, acho que as pessoas as interpretam como lhes dá na telha e ao longo dos anos, a igreja tem vindo a descer cada vez mais na minha consideração.

Tenho saudades de quando tinha fé na religião para a qual me educaram. Juro que sim...nessa altura, teria agarrado a proposta do meu avô e da minha tia. E ia gostar e dar o meu melhor.

Mas, para entrar num convento é necessário acreditar em deus, para se ser bom no que se faz, é preciso acreditar no que se faz. Os melhores professores que tive foram aqueles que se via a léguas que amavam o que faziam. Acho que podem encontram pessoas mais vocacionadas para cativar os jovens para a fé cristã do que eu. Alguém que acredite.

Eu, por mais que queira, não consigo.

3 comentários:

Demóstenes disse...

Identifico-me com muito do que escreveu. Também fui educado nos rígidos princípios da igreja Católica e hoje não sei bem me situar. Sei, isso sim, que o Homem não pode viver sem uma forte componente espiritual. Seja ela qual for.

Afal disse...

Exacto, como eu disse, tenho uma visão pagã das coisas. Mas penso que cada um tem de procurar a sua identidade, saber defender e justificar as suas escolhas, quanto mais não seja a si próprio. Acima de tudo, respeitar as crenças dos outros, mas não nos deixarmos rebaixar quando alguém nos tenta tirar a razão.

Tali disse...

No que toca à religião, é sempre um assunto 'chato' de se falar. As pessoas nunca estão de acordo. Em parte, concordo com o que disseste, devemos ser nós a escolhermos o nosso caminho.

Particularmente, acredito em Deus e não gosto quando puxam o assunto só para me irritarem. CLARO que respeito as crenças e as 'descrenças' das outras pessoas e, por vezes, gostaria que fizessem o mesmo comigo.

Também fui educada com os rígidos princípios do catolicismo, ia sempre à missa, ao grupo de jovens e isso. Mas afastei-me.. Hoje tenho uma visão mais 'aberta' e acho que para termos fé em algo ou em alguém, não precisamos de ir todos os dias à missa e estar ali horas a ouvir o padre a pedir dinheiro (verdade seja dita, não há nenhuma religião que não tenha o seu saquinho..). Temos que escolher em que/quem devemos acreditar e não deixar que os outros escolham por nós! Cada um tem ou deixa de ter a sua fé. E como dizia o outro: sexo, política, religião e futebol não se discute :b

Te adoro, queridona do meu coração!
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