segunda-feira, julho 20, 2009

Números

Nesta vida, tudo se reduz a números:

-idade
-peso
-altura
-nº do BI
-nº de parceiros que já se teve (ou não teve)
-notas na escola
-médias de final de curso

Só números. Já dizia uma professora minha do secundário que somos apenas números. Não somos pessoas, nem nomes, apenas um número. Ah, sim, e uma impressão digital.

Isto irrita-me profundamente. Não basta a nossa passagem pela vida ser curta (mais uma vez, números) como ainda por cima não há consideração por nós.

Então e se olhássemos para outro tipo de coisas? Os sentimentos que os outros despertam em nós e que despertamos nos outros. As metas que alcançamos na nossa vida. A forma como nos levantamos depois das quedas, até como ajudamos os outros a levantarem-se das deles.

"No man is an island". Então não podemos ser números. Cada número vale só por si e por mais nenhum. 1 nunca será 15. 7,4 nunca será 2. E nós não somos apenas mais um, criamos laços com outras pessoas (idealmente), não estamos isolados. Precisamos dos outros para conseguir preencher as nossas necessidades.

Eu não me contento em ser apenas mais um número.

9 comentários:

JM disse...

Só te reduzes a um número, se quiseres. :)

Pedro disse...

vivemos em democracia e isso infelizmente e normal, neste e em todos os sistemas políticos, mas cabe a ti fazer a diferença, gostei do cantinho e desculpa a invasão

Afal disse...

Perez: Eu recuso-me a ser apenas um número :)

pedro: do que depender da vontade, hei-de fazer a diferença, mesmo que seja só para mim. Invade a vezes que quiseres ;)

Dexter disse...

É mesmo Afal. E esqueceste-te de um: NIF. O famigerado número fiscal...

E já reparaste que qdo há uma grande catástrofe, tipo uma queda de um avião em que morre toda a gente...diz-se "morreram 250 pessoas". Um mero número. Mas nessas 250 pessoas havia um João, uma Maria, um António, uma Luísa...pessoas com uma história, com família, que amavam alguém, que eram amados por alguém...

Cada vez mais somos apenas estatística...

Afal disse...

Dexter: Pois é, esqueci-me do NIF, mas faltam lá mais números, muitos mais.

O que são 250 pessoas entre cerca de 6 biliões?
Somos humanos, mas estamos a perder os traços de humanidade. Aproximamos-nos cada vez mais dos animais irracionais, ou será isto um indicativo de estarmos racionais demais?

Pedro disse...

julgo eu que foi lenine ou stalin que disse "Uma única morte é uma tragédia. Um milhão de mortes é uma estatística"

Afal disse...

pedro, esses também eram frescos...não contam lol

JP disse...

Ganhaste aqui um seguidor.

A verdade é que precisamos de ser identificados rapidamente com um número, para que a sociedade em que vivemos funcione sem que continue enterrada no empirismo. Por outro lado, não podemos ser só um número ao longo da nossa vida. Temos por isso que amar, ser amados, fazer algo por nós, pelos que nos são próximos e pelos outros. Sentir que, aos poucos, e mesmo que muito pouco, fizemos ou fazemos diferença. E aí pouco importa que o mundo inteiro nos veja como um número. Às vezes basta-nos que uma só pessoa ou, até, um só ser vivo, nos veja com o calor próprio de uma identidade, de um carinho, de um amor.

Afal disse...

José, tens razão, basta uma pessoa. Uma única pessoa e a forma como os outros nos olham perde importância.

Mas não basta que muita gente considere os outros como números, outros tantos sentem-se como tal. E entre os dois, venha o diabo e escolha...

Ui, vou ter de começar a ter mais cuidado com o que escrevo no blog, se começo a ter mais seguidores...