Dias Perfeitos

O som entrava pela janela aberta.
A chuva caía, lavando tudo o que tocava e purificando as chagas do solo.
O som trovejante era assustador, mas de uma maneira hipnótica. Assim como o relampejar que iluminava a escuridão do dia.
Nunca hei-de saber porque é que estes dias me fascinam tanto.
É essa a palavra certa: «fascínio». Adoro o som da chuva e da trovoada e fico hipnotizada com o cair dos relâmpagos. São dias perfeitos, e noites também.
O verde das árvores é lavado de todo o pó, tal é a intensidade da chuva.
E eu continuo aqui, a salvo de uma qualaquer descarga eléctrica, a apreciar este tenebroso e majestoso espectáculo da Natureza.
Neste espectáculo estou sempre na primeira fila, e sou eu quem está iluminada pela luz e sou aplaudida.
A Natureza aplaude-me, e eu não percebo porquê...Mas continuo a apreciar o seu pequeno, grande espectáculo...