O meu medo

Só preciso de escrever, acalmar o coração. Afagá-lo e acalmá-lo, mostrar-lhe que não precisa de ter medo da solidão.
Mas como posso eu não ter medo dessa escuridão? É nela que me vejo mergulhada quando menos preciso. Viro-me para um lado e para o outro, e o que vejo? Nada. E é um nada que dói e que me asfixia, como se tivesse uma garra a apertar-me a garganta. Sim, já passei por isso...mão horrível e horrivelmente recordada.
Tenho medo de ser empurrada para o abismo do qual tento fugir.
Apavora-me pensar que poderei estar sozinha daqui a uns anos. E não, não me venham dizer que nunca vou estar sozinha, que tenho os amigos e a família. Vocês sabem isso, EU sei isso, mas também penso que sabem precisamente do que eu me refiro quando digo "sozinha". Medo de estar sozinha não implica estar colada a alguém, saber todos os seus passos, mandar mensagens a todos os dez segundos, estar sempre aos beijos e abraços. É claro que beijos e abraços é bom, mas não estar sozinha é saber que, independentemente dos nossos caminhos ao longo do dia, do cansaço do trabalho, dos colegas e amigos diários, à noite temos aquela companhia, ao longo do dia partilhamos o mesmo coração. É saber que, mesmo não estando na mesma divisão, estamos juntos. Que não precisamos de falar para nos ouvirmos.

Acordar sozinha, adormecer sozinha, não saber se deixei uma marca minha, assusta-me...
É disto que tenho medo.

A solidão é assustadora...